3.8.12

vai ser uma pena mesmo, vou sofrer caso sobre depois que a humanidade for inacreditavelmente detonada, porque deve ser isso, eu sei que deve, não sei se vai, só sei que merece pelo acúmulo de cagadas e egoísmos e pela mediocridade principalmente, quase sempre por ela, um limite não sempre claro entre o que está ok e o que podia ser feito melhor, mas o mais é tudo de uma nivelação média conformada faustão cumpádi washington que putamerda, e caguei também pra reforma ortográfica e pro motorista da secretária da ministra, e lamento, lamento mesmo por cada mini de energia dispersado com uma coisa que não vai fazer a menor diferença no conjunto, mas tudo tem um outro lado e é aí que se explica porque amamos quando encontramos jóias gêmeas nossas e, enfim, tem tanta música bonita, tem uma cacetada de sentimentos lindos jorrando ou querendo ser jorrados e barrados pelo medo, mas eles existem estão na espreita e só porque existem fazem parte do mundo, e só por isso o mundo é mais incrível, por exemplo o medo cotidiano de envelhecer porque a gente se acha menino demais pra essa idade que tem, sempre parece que tem alguma coisa em descompasso, esse temor dá uma dignidade pra gente, sabe, ser tão senhor de si e sofrer em segredo, e além disso tem o cinema, tem os bebês de dois anos, que são a melhor coisa e tem as palavras, as conversas, o riso, e tem quando eles não estão lá mas tem o olhar pra segurar todo o lance, um olhar mínimo que é só a portinhola que abre e fecha de um puta vesúvio dentro da pessoa que não deve sair por ali e fica dentro brilhando em pantone 1665c, em smooth sparkles sem mesmo que ela saiba o que é aquilo lá, e além disso tem as comidas, eu digo as frutas, temperos e a carne de carneiro principalmente e as receitas que a gente faz em casa ou aprendeu com nossas várias mães, tem as coisas que a gente só sabe que existem porque uma pessoa foi lá descobrir aquilo tipo um dinossauro pequenininho, uma interpretação de sonhos que tira a responsabilidade das suas burradas de cima dos outros, um movimento interplanetar silencioso e lento, e aí tem a mágica que ninguém domina mas que só existe porque nos damos conta dela, alguns de nós é claro, e tem a sensação de estar dentro de um corpo humano, observar as próprias mãos frente e verso e frente e verso, encontrar antepassados num lugar pequeno assim de si, e meter esses dedos dentro dos prórpios cabelos, ou da cabeça de outro alguém que vai fechar os olhos de satisfação e confiança, e por toda a comunicação que não é verbal, sem desmerecer as palavras que como já disse são quase tão bonitas como um cachorro depois de comer uma coisa que ele adora, esse silêncio que a gente é surpreendido por ele ou que a gente deixa acontecer porque sabe que é foda, isso é o que eu vou sentir mais falta da humanidade, se chegar um dia que a gente não possa mais escolher as comunicações e apenas precise delas, quando elas forem só uma necessidade de novo, como deve ter sido no começo.

3 comentários:

Artur Fujita disse...

porque de todas as necessidades a comunicação é a mais subestimada.

Pedro Poli disse...

lindo demais

Paulo Guimarães disse...

Numas de Próximo Blog cheguei aqui. Gostei!...