21.8.09
vai ser uma pena mesmo, vou sofrer caso sobre depois que a humanidade for inacreditavelmente detonada, porque deve ser isso, eu sei que deve, não sei se vai, só sei que merece pelo acúmulo de cagadas e egoísmos e pela mediocridade principalmente, quase sempre por ela, um limite não sempre claro entre o que está ok e o que podia ser feito melhor, mas o mais é tudo de uma nivelação média conformada faustão cumpádi washington que putamerda, e caguei também pra reforma ortográfica e pro motorista da secretária da ministra, e lamento, lamento mesmo por cada mini de energia dispersado com uma coisa que não vai fazer a menor diferença no conjunto, mas tudo tem um outro lado e é aí que se explica porque amamos quando encontramos jóias gêmeas nossas e, enfim, tem tanta música bonita, tem uma caralhada de sentimentos lindos jorrando ou querendo ser jorrados e barrados pelo medo, mas eles existem estão na espreita e só porque existem fazem parte do mundo, e só por isso o mundo é mais incrível, por exemplo o medo cotidiano de envelhecer porque a gente se acha menino demais pra essa idade que tem, sempre parece que tem alguma coisa em descompasso, esse temor dá uma dignidade pra gente, sabe, ser tão senhor e sofrer em segredo, e além disso tem o cinema, tem os bebês de dois anos, que são a melhor coisa e tem as palavras, as conversas, o riso, e tem quando eles não estão lá mas tem o olhar pra segurar todo o lance, um olhar mínimo que é só a portinhola que abre e fecha de um puta vesúvio dentro da pessoa que não deve sair por ali e fica dentro brilhando em pantone 1665c, em smooth sparkles sem mesmo que ela saiba o que é aquilo ali, e além disso tem as comidas, eu digo as frutas, temperos e a carne de carneiro principalmente e as receitas que a gente faz em casa ou aprendeu com nossas várias mães, tem as coisas que a gente só sabe que existem porque uma pessoa foi lá descobrir aquilo tipo um dinossauro pequenininho, uma interpretação de sonhos que tira a responsabilidade das suas burradas de cima dos outros, um movimento interplanetário silencioso e lento, e aí tem a mágica que ninguém domina mas que só existe porque nos damos conta dela, alguns de nós é claro, e tem a sensação de estar dentro de um corpo humano, observar as próprias mãos frente e verso e frente e verso, encontrar antepassados num lugar pequeno assim de si, e meter esses dedos dentro dos prórpios cabelos, ou da cabeça de outro alguém que vai fechar os olhos de satisfação e confiança, e por toda a comunicação que não é verbal sem desmerecer as palavras que como eu já disse são quase tão bonitas como um cachorro depois de comer uma coisa que ele adora, esse silêncio que a gente é surpreendido por ele ou que a gente deixa acontecer porque sabe que é foda, isso é o que eu vou sentir mais falta da humanidade, se chegar um dia que a gente não possa mais escolher as comunicações e apenas precise delas, quando elas forem só uma necessidade de novo, como deve ter sido no começo.
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Um comentário:
a criada não é muda; é surda e não tem pernas para ir a lugar algum.
a criada, que nunca existiu, vive agora graças a um bando de ornitorrincos de plástico ditos urbanóides, que também não falam e sequer andam ainda sozinhos: dependem da criada.
Era 1888 quando alguem por motivos muito interessantes aboliu a escravatura. Tá certo que foi lengo lengo mas aconteceu. Teremos que tirar fôlego disto e correr rapidamente para uma nova libertação do ego, aquele que a nossa mais famosa criação tomou conta do que sempre éramos.
Não somos mais do que a constante luta para abrirmos nosso próprio olho e tirar a criada do trono.
Deixa-la onde é seu lugar. Livre também, como talvez até ela mesma gostaria.
Enquanto isto entro pela porta desta lanchonete e tropeço no meu hamburguer. Na minha mesa não há garçons. Vejo uma taça de vinho tinto com a uva mais uva que se pode degustar.
Olho pela janela e saio pelo 11o andar.
Vou.
Vôo.
it´s just me. Mille de mercis.
Maurici
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