desenha 54 triângulos e 38 quadrados pra ver se passa a falta de sono.
dorme tarde, acorda cedo. lê o jornal no café da manhã. pensa em fazer diferente mas a verdade é que gosta muito assim.
entra no quarto, arrasta a maleta meio metro, me olha 2 seg. desiste.
jogou no lixo o beija-flor morto junto com as folhas secas. ficou com pena porque eu fiquei com pena.
seu livro prensado entre os meus na cabeceira feito um sanduíche da noite.
agradece o presente. vai na loja e troca por um cor-de-rosa.
pensa nem em nada mais, só quer ver o timão na quarta. não come, não dorme, não descansa.
seu pai se tornou velho debaixo de seus olhos, em quatro ou cinco anos. seus irmãos não perceberam.
fica na cozinha tomando água no escuro e apostando consigo mesmo a cor do dia seguinte.
sonho com a mãe dele, que já morreu. era a mesma pessoa que hoje se tornou sua mãe. ela me deu conselhos.
meu problema criativo é que durmo cedo demais pros artistas.
gosta dos próprios sapatos mas preferia andar de patins.
ficou rico vendendo suco de laranja de latinha. quando vai pra cidade natal só toma grapete.
viu num filme que as pessoas se classificam sempre como porco-espinho ou raposa. também pode ter sido um sonho.
seu cadarço, amarra ele no meu. qualquer coisa você tropeça e cai em mim.
não compreende algumas coisas que acontecem em sua própria casa.
sente mais pena que medo. mais enfado que interesse. mais sono que qualquer outra coisa.
comprou um maiô de santa na rua das putas. não ornou. no meio do dia, desce a rua das santas pra fazer a troca.
é que se eu envelhecer sem, eu vou ter morrido jovem.
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