29.11.09

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E tudo que se confunde e se explica na mistura dos dias transforma o intenso no constante.
'Você me irrita, porque às vezes me parece incrivelmente familiar'.

Dois anos antes. Despreocupada e ressaqueada na cidade dos outros, orientalmente longe entre o vento de algodõezinhos, recostei toda minha ignorância gringa no robe de ferro do escritor anônimo. O meu amigo oculto. Ele escrevia em si mesmo só que pros outros.
(Me lembra tanto alguma coisa muito próxima.
Tudo lá era meu, e eu não sabia até chegar.)

Disse: eu não escrevo porque não tenho nada pra dizer.
Sabe quase tudo do mundo de si mesmo e das pessoas, mas não sabe disso. Pensa que não tem controle sobre os objetos subjetos que vão em volta do seu corpo, permeando os dias e alterando a temperatura do ambiente.

Que familiar, de novo. Acho que já te vi no cinema.
Agora mesmo tá lá, ele. No frio, à noite, segurando o lápis e tentando qualquer coisa tipo contar os ossos do corpo pra dormir, lembrando vagamente a recostada de latinoamerica, querendo um calicezinho a mais mais um mais outro, pra esquecer o inesquecível. E sair de seu caixotão de pedra, uma noite que fosse pra dormir numa cama que não a sua sem o roupão de ferro deixando o lápis esquecido na mesinha ao lado e acordar no calor de alguma coisa acontecendo.

Foi tomando corpo com o tempo.


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