17.2.10

Você não supera nada. Você cataloga. Guarda numa das trocentas gavetinhas das incontáveis prateleiras, descomprime, sobe e estabiliza. Continua vivendo normal, dia depois do outro, quarta quinta sexta e eis que tumm: o esquema desesquematiza e um documento escapa ventando de sua pasta etiquetada. Ele sobe, sai pela boca e pousa sobre a sua mesa de trabalho. Pronto. Que inconveniente, você pensa. E passa a medir e classificar nas eternas listinhas que costuma fazer, quanto disso seria melhor se fosse outra coisa, como cortar o dedo no estilete inutilizando o mock up prontinho ou ter um daqueles microdesmaios bem na frente de algum colega do departamento, o que você talvez fosse preferir, a essa cuspida fora de hora do documento sentimental. Não pode arquivá-lo porque quer. Assim, ele vai passar o dia ou os dias próximos reluzindo na sua frente, sobre o teclado. Bota ele debaixo da pilha pra levar pro Dr Atílio petiscar na terça. Remói e xinga. Era só o que me faltava.

Um comentário:

Tânia Tiburzio (TT) disse...

Tem gente que é assim mesmo. Eu conheço várias! Gostei do seu texto (só para variar).