13.9.10

alfama

Hoje era ouro ali. Era ouro. Dentro de uma porta, um castelo, um bairro, de uma cidade, tudo tão velho que nem o tempo era ele ainda, entrei à direita no portal. Alguma coisa encontrou certeira com outra bem na hora, e fez tudo que existe funcionar. Eu vi um quadrado e uma boca de pedra contra a luz, eu me vi no reflexo do vestido verde, dourada eu, dentro de outro castelo ainda menor. Presenciei o vento fazendo as curvas que ele precisava e a lua ao contrário como se fosse atrás do espelho. Cheirei a branca e a vermelha escutando o mesmo vento assoviando duas notas no tipo de árvore que não vive onde eu vivo. Nessa hora minha mãe disse PAVÕES e quando olhei pro dourado vi dois pavões embaixo de mim, seguidos por meninos e um gato preto que foram embora, mas os pavões ficaram ali rodando nos meus pés e de dois viraram quatro e então eram dezesseis pavões escalando sua árvore de dormir, um de cada vez. Escutei o vento de novo, não consegui saber o que era aquilo tudo. *De manhã meu tornozelo sangrando no chuveiro* eu pensei dizendo pra estátua do feminino que guardava o fianco do castelo. Joguei uma moeda na fonte pedindo pra ter sempre esse tipo de coisa, a vida toda. Eu não sonhei isso também.

Um comentário:

Tânia Tiburzio (TT) disse...

Que lindo! Que vontade estar aí! Beijos!