28.1.09

Não fiz a cama hoje. Jantei porcaria e assisti novela.
Não lavei a roupa suja, não tirei o lixo e tomei café o dia inteiro, caneca cheia.
Assisti ao mesmo filme, repetindo a fala dos personagens com a entonação e o tempo perfeitos.
Não tirei a colcha do varal, não liguei pra empregada.
Mal trabalhei. Passei boa parte do dia indo e voltando da área de serviço, vigiando o crescimento impressionante da planta, que ficou feliz porque voltei de viagem.
Não fui ao banco, nem resolvi o problema do filtro. Comprei créditos pro telefone e não inseri, comprei pão de queijo e deixei virar pedra.
Imaginei muito, muito, muito.
Repetidas vezes pensei no sonho da noite passada, a primeira sozinha nessa casa não escolhida por mim. Mas que decerto me escolheu.
Não me chateou a obra, o barulho da geladeira, e aproveitei o temporal pra ir na esquina pisando na poça como se fosse sem querer, na tentativa de estender as férias.
Comprei água pro mendigo, depois achei que o jornaleiro me desaprovou por isso.
Não comprei a passagem de volta, não contei pra minha chefe que não vou mais. Não me incomodei. Senti dor nas costas e não reclamei.
Me sabotei um pouco, mas foi só de manhã. Consegui reverter depois do almoço. Chorei sentida, sabendo que foi da tpm, e não pensei em ter ciúme.
Não li jornal, e isso não é novidade.
Não contei com a minha beleza e não esperei muito de coisa alguma.
Acordei em cima da hora, fui deitar tarde, e não acertei o despertador.
Não pude evitar pensamentos que é melhor não. Mas escrevi.

Reinei dentro da minha casa e senti o dia inteiro, todas as suas horas em mim.

Adormeci fazendo palavras cruzadas.

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