21.2.10

escreve uma simulação tosca do que se desejava, desejo que você fale sobre o filme dividido, quero que você pague o jantar e convide pro passeio no parque com café, sempre sempre com café, não sou o mesmo que você afinal. porque adoro fazer as unhas e a feira ou me enfio em um universo que você pouco adivinha e observo seu mundo de fora, com ternura, rindo.
no meu beijo numa garrafa e meia, duas, de suor no aguardo entre uma roupa social e um guardachuva, um telefonema surdo.
são como pastilhinhas caindo, despencam ao longo dos anos setenta na vida de todo dia, os pagamentos, os botões da camisa, e tua sacola de comida almoçada, tua descrença na extrema ordem, tua mão, teu punho, tua espécie tão bonita. (falamos longamente sobre isso eu e ela na primeira vez, naquele escuro esfumaçado, como são bonitos esses meninos. dá pra sentir porque é tudo tão ali e parece fácil ser eles embora a gente saiba que não é, só isso, e por fim são lindos debaixo, arrancando todos os toldos e edredons de defesa e macheza e guerra, quando podemos vê-los mesmo que num relance, vê-los sem lembrar disso, são a coisa mais bonita, mais, a mais
vem cá)
vem cá pega minha mão.
você vai ficar com os cabelos brancos em dois tempos. quando for a nossa viagem pra lanzarote você já vai ter muitos. sua pele vai morenar um pouco mais mas não vai ser isso que. e talvez. talvez um dia você fique doente, porque não há outra alternativa.

2 comentários:

Tânia Tiburzio (TT) disse...

O carnaval te fez bem, você voltou tão inspirada. Beijos!!

Maurici disse...

delícia...