29.12.10

selva

foi como uma asa de avião correndo submersa
ela voava logo abaixo da superfície me perseguindo
o perfume da senhora ao lado e o céu de chuva
ele lambeu meu rosto do queixo à testa
cheirou a junta das minhas orelhas
igual a um macaco
eu ri demais
eu ri depois ainda de tanta ordem
nessa cidade onde a ordem nunca coube

e o garçom dançando
o seu pouquinho em pouquinho em cada música
o doce cheiro do morro, o doce meu cheiro de eu
curumim na roda da noite

calma aí prefeito
não quebre o viaduto
não esse que me leva de volta à casa antiga
sobrevoa árvore museu e mar
sinto que nunca vi isso antes

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